segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus 2012... Olá 2013!!!

Adeus 2012. Foste um ano que não deixou grandes saudades. Não por culpa tua porque, em boa verdade, quando chegaste vinhas com as melhores intenções e todos nós pensámos que tu irias ser "O Ano". E foste, mas pelas piores razões. Graças a algumas pessoas de excelsa inteligência que passaram os dias a imaginar a melhor forma de dar cabo de um pequeno país à beira-mar plantado. Desculpa a sinceridade, 2012, mas contra tudo e contra todos espero mais do teu irmão mais novo, o 2013. Deixa-me dizer-te com alegria "Bye bye 2012" e com expectativa apreensiva... "Hellooo 2013!!!"

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

D. Berta: até uma dia...

A D. Berta foi uma das primeiras pessoas que conheci na Guiné-Bissau e que fui revisitando sempre que regressei àquele país. Estávamos algures em Março de 1996, ou Abril, e eu andava por lá a fazer a pesquisa  para a dissertação de Mestrado. Nessa altura passei horas a falar com ela, aliás como toda a gente que passava por Bissau, ou que lá vivia, e a comer a gelados que ela me oferecia no meio dos meus receios de principiante em terras de África. As recomendações tinham sido mais do que muitas - cuidados a ter com o que comia e bebia, sendo impensável socorrer-me de gelo, gelados, sumos de fruta e tanto mais por causa das águas e de tudo o que se poderia seguir. Mas comi gelados deliciosos, magníficos, caseiros e muito confiáveis, já que não me aconteceu nada a não ser usufruir de bons momentos e regressar a Lisboa muito mais rica pelas experiências que por lá tive :-) No calor do final dos quentes anos 90 em Bissau, aqueles gelados tiveram o sabor da vida...
A D. Berta - avó Berta, como muitos lhe chamavam - era uma senhora encantadora, deliciosa, uma cabo-verdiana como tantas outras a viver em Bissau há muitos anos. A Pensão Central era o ponto de passagem e de encontro. Por lá almocei e jantei vezes sem conta, ouvi histórias que jamais se repetem ou relatam, vi pessoas que nunca imaginei sequer poder avistar, usufrui da companhia de amigos e conhecidos que por lá viviam, sentei-me na varanda a receber a brisa possível e a observar a vida que corria sem parar lá em baixo com sons, cores e movimento únicos. Ali bebi coca-cola debaixo de chapéus de sol encarnados e marcados com a marca da bebida, e senti-me reconfortada antes das viagens loucas para o sul e para o norte, ou depois delas.
A D. Berta deixou este Mundo e partiu para outras paragens com a certeza de que viveu intensamente e de forma sábia, alimentando amizades e tendo uma infinita receptividade para com todos os que com ela se cruzassem. Foi um bonito exemplo de vida e certamente que, onde quer que esteja nesta altura, está feliz por ter cumprido a sua missão. Ela ficou no coração de todos pela bondade, compreensão, amizade, tolerância. E tanto mais... E um dia, certamente, voltaremos a reencontrar-nos...


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Pensamentos analógicos ou da sauna ao sacador de mãos


Há tempo que não fazia sauna e talvez por isso me surpreenda com as atitudes de algumas pessoas. Pois bem, o que se passa é o que a seguir explico. Estando dentro da cabine percebo que uma grande parte das frequentadoras do equipamento o utiliza como se de um secador se tratasse. Algumas pessoas - a maioria com a qual me tenho cruzado - entra na sauna, pensava eu, para uns minutos de desintoxicação. Engano meu. A maioria, considerando que apenas eu por lá permaneci por 10 minutos, entra e após o duche, que não faço a menor ideia se foi ou não eficaz, limpa-se cuidadosamente coma toalha, inclusivamente entre os dedos dos pés de forma a retirar qualquer resquício de humidade. Depois há algumas variantes, umas acabam por sair após a secagem, outras abrem os braços baloiçando-os, enrolam-se de novo na toalha e saem. Uma simples observação do comportamento destas pessoas num equipamento de uso comum em contexto de lazer é absolutamente hilariante. Sobretudo para quem, como eu, também lecciona Animação do Lazer e do Recreio. Num dia de aulas pus-me a pensar nesta experiências e, nem que ligeiramente, a sensação foi de "déjà vu". Nesse milésimo de instante realizei a cena.
Quando vamos à casa de banho de um centro comercial ou de um cinema, cada vez mais constatamos que, em substituição dos toalhetes de papel, surgem os secadores de mãos. Barulhentos e muito desagradáveis, apesar de supostamente mais ecológicos por não utilizarem papel, mas sem dúvida profundamente prejudiciais para quem tem problemas no ouvido interno. Fujo deles, portanto. Mas já vi, por pura curiosidade, o seu funcionamento: um jacto forte de ar, quente ou frio, que ajuda a eliminar a água secando as mãos. Para acelerar o processo de secagem, parece habitual sacudir as mãos ou esfregá-las em movimentos sem sentido pré-definido, ora em círculos, ora na vertical, fazendo com que o ar circule ainda mais depressa e assim as mãos ficam sem humidade aparente. Pois na sauna, a lógica parece ser semelhante para quem sai do duche. Não percebo como funciona, já que, por característica, a sauna acelera o processo de transpiração através dos poros e, por uma questão de higiene e de bem-estar, o duche só é suposto acontecer no final da sessão.
A parte mais engraçada de toda a cena foi quando, perante a minha perplexidade uma das dançarinas da sauna me olha com ar incomodado e diz: - "não gosto nada deste calor, faz-me sentir mal...". Eu fiquei ainda mais estupefacta, não sabia se haveria de rir ou chorar. Depois de assistir ao pormenor da arrumação dos frascos numa bolsa impermeável e da coreografia da secagem corporal, oiço-a dizer que se sente incomodada com o calor. Então porque entrou??? A única reacção que consegui ter foi um sorriso, que certamente resultou num tom amarelo esverdeado porque preenchido por uma incompreensão desconsolada, mas ainda consegui dizer: -"pois... na sauna faz calor, muito calor". Ela saiu abanando-se, servindo da mão como leque, e eu fiquei a pensar que as pessoas andam a ter reacções verdadeiramente estranhas... 

em 26 de Outubro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Conferência de Luanda sobre a Paz e Segurança na região do Golfo da Guiné

CONFERÊNCIA DE LUANDA SOBRE A PAZ E SEGURANÇA NA REGIÃO DO GOLFO DA GUINÉ
LUANDA, 27-29 de Novembro
Temas em debate (lá estarei no painel 8)Painel #1: O Golfo da Guiné, zona de paz e segurança.Painel #2: A influência da paz e segurança na região do Golfo da Guiné para a estabilidade e desenvolvimento do Continente Africano.Painel #3: A extensão da Plataforma Continental, necessidade e desafio
 para a região do Golfo da Guiné.
Painel #4: O estado e as consequências da imigração ilegal para a paz e segurança na região do Golfo da Guiné.
Painel #5: A experiência da CEDEAO na manutenção da paz e segurança. Lições para a região do Golfo da Guiné.
Painel #6: A importância da segurança da região do Golfo da Guiné como rota de transporte marítimo.
Painel #7: A contribuição do mecanismo de manutenção da paz e segurança na África Central, à segurança da região do Golfo da Guiné.
Painel #8: O ecossistema da região do Golfo da Guiné como parte do seu ambiente de segurança.
Painel #9: A região do Golfo da Guiné na rede de produção e comércio internacional de droga.


domingo, 18 de novembro de 2012

Da Guiné, com a Guiné, para a Guiné

Somos muitos os que, num qualquer momento, nos apaixonámos por África e que, após uma primeira incursão à Guiné-Bissau, sentimos que a nossa vida mudou para sempre. Por lá conhecemos pessoas excepcionais, percorremos paisagens de encantos múltiplos, observámos espécies de cores e formas únicas que evidenciaram também alguma curiosidade por nós. 
E é muito gratificante sempre que encontramos outras pessoas que, como nós, não sendo guineenses, têm o mesmo sentimento em relação àquele povo que só merece o que de melhor existe ou que pode ser concebido.
Hoje foi um dia em que um blogger me contactou com o objectivo de partilharmos ideias sobre a Guiné-Bissau. Excelente, foi para mim uma enorme honra. Ora, aqui está: é no CART 3494 & Camaradas da Guiné. Tem muita informação que vale a pena explorar. Obrigada, grande dinamizador.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Como o macaco do conto: cego, surdo e mudo...

Os relatos de torturas na Guiné-Bissau continuam e os pormenores são absolutamente atrozes e de uma desumanidade impensável. Basta consultar algumas páginas da net (blogs, jornais digitais, grupos, facebook...). Não há quem pare esta gente? O que é feito da comunidade internacional? Ainda têm dúvidas e não querem ser acusados de ingerência??? E entretanto... como ficam as consciências de uns e de outros, deixando que alguns lunáticos que se sentem guerreiros do Apocalipse, agindo de forma mais cruel do que o mais feroz dos animais, continuem a agredir, a mutilar e a matar...? Para que servem afinal as organizações internacionais de carácter humanitário, tão defensoras dos direitos humanos, mas se calhar só no conforto da poltrona, e que se apelidam de cooperantes??? Seguramente que estou a passar por uma fase mais do que crítica e céptica... mas sou incapaz de compreender a ausência total de acção, incluindo por parte das representações estrangeiras no país. Fazem-me lembrar o macaco que, para não se comprometer, declara-se cego, surdo e mudo...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Once again... o medo reina em Bissau

Não, não parece ser justo e, em boa verdade, não é. A Guiné-Bissau está de novo a viver sob o clima do medo... Ataques verdadeiros ou supostos, mortes, perseguições, detenções e desaparecimentos com ou sem mais mortos. Está prestes a instalar-se o clima do terror. Ninguém merece viver assim, a pensar que um qualquer dia pode ser o seu e que esse dia está tão próximo que pode ser o já e o agora. Ninguém - ou quase - gosta de pensar no dia em que tudo muda.
Tenho para mim que viver com insegurança e na incerteza não é viver. É como se soubéssemos antecipadamente em que dia iríamos morrer e ainda com a certeza de termos o bónus da tortura mais ou menos violenta. Pior do que sentirmos que esse era o nosso fado seria olharmos para os que queremos muito e de quem gostamos porque são a nossa essência e sabermos que esse era o seu destino. Não queremos sofrer, e muito menos sem percebermos porquê, mas imaginarmos que os que mais amamos nesta vida estão a sofrer... faz-nos sofrer duplamente. É de enlouquecer a mente mais sã...
Viver em clima de medo permanente, a pensar que o que quer que seja pode acontecer, ver os dias a fugirem como se um qualquer monstro corresse desenfreadamente atrás de nós não é viver. É sobreviver aos impulsos, aproveitando os minutos que nos deixam como se fosse uma benesse. É olhar os dias a prazo e sabendo que a validade está a expirar...
E a pergunta que repito vezes sem conta, com o aperto no coração que sentimos quando ao olharmos para o que gostamos vemos possibilidades reais de destruição, é: quando é que o povo guineense terá paz, uma paz desejada e merecida..?! Porque tudo o resto não passam de pormenores que alguns procuram perpetuar sem sentido... 
E ainda me dá vontade de dizer bem alto para que todos oiçam: OLHEM AS CRIANÇAS NOS OLHOS E DIGAM-LHES, POR FAVOR, QUE ELAS SÃO O FUTURO DE UM PAIS FANTÁSTICO. NÃO AS DESILUDAM... POR NADA...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

É bom o frio...

O frio não chegou ainda mas, de vez em quando, faz uns ligeiros ameaços reconfortando-me. Sim, espero-o há tempo como se de um amigo distante se tratasse. A presença dele leva-me a enroscar mais vezes em ti e a sentir o teu calor. É bom o frio. De vez em quando, nem que seja...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Faz hoje 10 anos... :-)

Da varanda da Roça de S. João, a baía de Angolares
Hoje é mais um dia especial. Faz 10 anos que estava a ultimar os preparativos para uma experiência inesquecível. E como tudo o que é inesquecível provavelmente irrepetível mas muitas e muitas vezes relembrado. Faz hoje 10 anos que fui para São Tomé e Príncipe, com a cabeça repleta de expectativas de um futuro que se abrisse a novas oportunidades após a conclusão do doutoramento. E depois... depois a coisa fez-se, já lá vão 7 anos e meio. E depois desse momento também inesquecível, veio um pós doutoramento de 6 anos com mais coisas pelo meio. As expectativas de que o mundo se abrisse em oportunidades permaneceram mas, para dar razão ao Murphy que engendrou a lei, o mundo não só não se abriu como até parece que se fechou. Uma coisa é certa: mesmo que essas expectativas jamais se venham a cumprir, as experiências e as vivências inesquecíveis ficam comigo para sempre. E também o carinho por esse magnífico país que me acolheu como só STP e os santomenses sabem fazer, jamais se esquecem!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Na corda bamba

Tantas e tantas vezes sentiu-se baloiçar na corda bamba, como se não houvesse chão por baixo e a sabedoria estivesse no equilíbrio dos movimentos. Até aqui, teve sempre coragem e força para chegar ao fim da corda, a um qualquer porto seguro. Hoje já não sentia a mesma energia e vontade de vencer. Na verdade, tudo parecia tão pouco compensador que já não sabia se valeria a pena ir um pouco mais além, esforçar-se um pouco mais, só um bocadinho assim. Sentia-se esgotado, trôpego, sem forças, cambaleante, para além do desassossego lhe apoquentar os dias. Haveria certamente outros lugares melhores, mais tranquilos, mais estáveis, mais seguros, mais...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Visões entre Lisboa e Cascais...

Depois do carro ter avariado, sei lá eu o que é que tem, dei-lhe tréguas até ir para a oficina. Não me apetece gastar mais dinheiro com ele, nunca um carro com tão pouco tempo me deu tantos problemas. Azar, dirão alguns. Pois não sei. Em maré de azar é no que mais tenho andado. Ou isto dá uma volta ou não sei. Já não sei nem quero saber. E essa é a pior parte, não querer saber. Não me interessa, já nem me interessa.
São quase 20h30 e à minha frente, no comboio para Cascais, vai uma figura que tem a imagem de Jesus Cristo. Se andasse por estes lados, até poderia ser Ele. Tenho vindo focalizada nele, siderada ao ponto dele se ter também fixado em mim, o que não é uma situação confortável. Mas o pior é que não consigo desviar os olhos. É mesmo parecido com a imagem que tenho Dele. A questão é que ele me faz lembrar Jesus Cristo mas já eu não me pareço em nada com a Maria Madalena.
A esta hora, os meus companheiros de carruagem têm um ar triste, circunspecto, metido com eles próprios. Mais do que introvertidos parecem desiludidos. Porque será...?! Não olham para ninguém: uns seguem de olhos fechados como se o Mundo fosse de tal forma feio e desconfortável que mais vale não o ver; outros viajam com os olhos abertos mas sem nada ver, com o olhar fixado no vazio. Da minha parte, partilho o sentimento de desconforto mas sou incapaz de não os observar e escrevo no meu caderninho. Entretenho-me por tudo e por nada a observar um e a ouvir outro. Tudo serve para o meu espírito vaguear por outras vidas e a caneta corre pela folha desenfreadamente sem parar. Um dia escrevo um livro de histórias ou contos, ou quem sabe um romance... Com o que já vi e vivi bem que podia escrever uma colecção inteira...
O Jesus Cristo da minha carruagem parece o único a quem a vida corre sem sentir o prejuízo ou o desconforto de viajar a esta hora num comboio desconfortável cheio de grafittis como se fosse a parede de um barracão velho e devoluto. Chegou um amigo gordo, enorme, daqueles que só temos ideia de existirem nos filmes, com ar tão Heavy Metal quanto tranquilo. A festa foi imediata depois da pergunta - "Como estás?" - e da resposta - "Tá-se bem...". Conversaram toda a viagem, riram animados mas sem inquietarem os outros que permaneceram sem sequer darem conta de que, para eles, a vida parece correr sobre carris.
E agora é a minha vez de me surpreender: o meu companheiro de viagem levantou-se e vai sair na mesma estação que eu. É meu conterrâneo, portanto, e eu nunca antes tinha dado conta de que ele existia por estes lados. É a minha vez de ir jantar...

E se a vida fosse só lazer...

A vida quotidiana devia ter mais momentos de lazer ou até quem sabe ser apenas lazer. Tudo seria mais fácil, simpático, escorreito, animado, recreativo... O problema seria um só: deixaríamos de valorizar os tempos e os espaços dedicados ao lazer para passarmos a entendê-los como a quotidianeidade. E aí...? Ah pois é, aí passaríamos a entender esses momentos como rotineiros, obrigatórios e comuns, em vez de serem definidos como excepcionais porque marcados pela diferenciação Passariam a ser tempos e espaços de diversão obrigatória, de aprendizagem lúdica e de festa contínua. E nada na vida é permanente, tudo é efémero, transitório, passageiro... até, e sobretudo, a parte animada da vida recriada e reconstruída. Tudo o mais se faz, se passa sem nos darmos conta. Uma enorme frustração...

domingo, 16 de setembro de 2012

Olá, continuo por aqui nem que seja em pensamento...

E depois de um sonho rápido mas intenso acordei. Não, não estava lá de novo e lamentei-me por isso. Mas enquanto dormitei passei pelas ilhas só para dizer - "Olá, continuo por aqui nem que seja em pensamento"... 
No sonho estávamos todos por lá. E quando digo todos, são todos mesmo. Todos os que fui conhecendo ao longo de mais de 15 anos de permanências e visitas às ilhas. A passagem foi um pouco confusa, tenho de admitir, porque estranhamente todas as pessoas se conheciam e interagiam sem problemas, até as que não é suposto virem a conhecer-se ou conseguir trocar duas palavras que seja. 
Não sei se sonhei com o paraíso mas fiquei muito mais bem disposta quando acordei... e, na verdade, gostei de rever tanta gente no curto espaço de tempo de 20 minutos...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Powerpoints do Seminário Internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais", São Tomé, Agosto de 2012


Estão disponíveis para consulta e download os slides das apresentações em formato PDF referentes às comunicações do Seminário Internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais", realizado em São Tomé no passado mês de Agosto.
Recomendamos a todos que, em caso de pretenderem utilizar alguma informação que agora disponibilizamos, deverão contactar os respectivos autores cujos emails estão identificados nas apresentações, procedendo à respectiva referenciação.

Poderão assim consultar as apresentações (formato PDF) do Seminário em:

Em breve disponibilizaremos os textos das Sessões de Abertura e de Encerramento e apenas mais tarde os textos das comunicações.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Conversa encantada

Há tempos, alguém me perguntava dando a entender profundo conhecimento sobre a causa dos afectos, apesar de se calhar perceber muito menos deles do que eu:
- Apaixonaste-te?
- Não, claro que não - respondi - não, acho que não, por quem? Nem tempo houve para isso...
- Mas encantaste-te...
- Sim, sabes que gosto de me deixar encantar. E sabes que facilmente me encanto com tudo, por tudo... não com todos nem por todos...
- E não tens medo de confundir o que sentes?
- Não, porque teria? São sentimentos claramente diferentes, apesar de igualmente inspiradores...
- E igualmente perigosos...?
- Não diria tal, desta vez não me parece que tenha corrido o risco de me confundir. E depois, tudo é tão claro, tão honesto, tão sincero. As pessoas que são encantadoras têm um não sei o quê de diferente e por isso é um encanto podermos partilhar tempos e espaços sem o medo, ou a ansiedade, de vermos o nosso eu mais profundo remexido... Até porque as pessoas verdadeiramente encantadoras procuram não nos desencantar.
- Será...?
- Sim, é um prazer estar com pessoas encantadoras porque elas nos transmitem a mesma sensação, que somos, para elas, pessoas igualmente encantadoras. Na sua companhia, o tempo voa, não se retém... 

A angústia do (re)início

É nas épocas de (re)início que compreendo os actores de teatro. Segundo eles, o início de uma peça é sempre angustiante, um pouco stressante até, como se fosse a primeira vez. Eu sinto precisamente isso... :-) Depois tudo flui e a normalidade parece regressar com o apaziguamento dos sentidos. Mas até lá, as horas que antecedem o retorno são pouco confortáveis...

sábado, 8 de setembro de 2012

A visão das emoções

Sim, era possível alguém encantar-se por outro alguém com rapidez ultra-sónica. Não sei se esses sentimentos seriam paixão, diria que não, que não passariam de um deslumbramento estimulado por uma solidão anterior acoplada por uns rasgos de atenção, nem sempre regulares e contínuos, e sobretudo alimentados pelo aliciamento do "descompromisso" que apenas os locais de passagem permitem a quem, mesmo que involuntária ou inconscientemente se deixa levar por eles. São Tomé e Príncipe tinha e continua a ter essa factor quase místico que permite às pessoas sentirem de forma diferente tudo o que é normal em vivências efémeras e tão fugazes que se ocorressem noutro contexto jamais seriam marcadas pela diferenciação. 
Hoje tenho esta visão mais do que clara como se fosse a evidência das evidências e é bom viajar para as ilhas com a plena consciência do efeito que provocam. É como se, ao olhar para os outros, conseguisse rever situações que eu própria vivi e  que não me dão a capacidades visionárias mas que talvez me permitam ser um pouco mais cautelosa. Nem todos realizam esta ideia apenas porque não se deram ao trabalho de observar e analisar o que se passa. E regressam sempre - uns mais cedo, outros mais tarde porque ainda por lá permanecem uma temporada - com a sensação de que aquela foi a experiência das suas vidas, que os sentimentos que julgam ter sentido são os mais sinceros e profundos e que conseguirão perpetuar o que não passou de um simples contacto. E não podem nascer sentimentos verdadeiros? Podem mas o que tenho visto, ao longo do tempo, não é a sinceridade emocional...  
É talvez esse o maior deslumbramento das ilhas: estimulam a capacidade de sonhar, acreditar e tentar realizar. E enquanto se sonha... vive-se...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A inversão do "déjà vu"

A sensação de "déjà vu" nem sempre é boa, muitas vezes dá a ideia de haver uma certa inversão na vida. Em São Tomé, a percepção de ter presenciado anteriormente algumas situações é muito reconfortante fazendo-me sentir segura e confortável, como se tivesse uma extra-capacidade para antever os resultados, quase com um sentido previsionista. Mas ao regressar percebo que a vida por cá permanece quase igual, o que não é assim lá muito reconfortante. Para além da crise, sobre a qual já não se aguenta mais ouvir falar porque a vida do comum dos mortais foi profundamente afectada sem evidentes benefícios efectivos ou materializáveis. As análises económicas continuam a ser devastadoras, terrificantes e apenas aceitáveis para quem vive em permanente delírio não tomando conta da realidade, nem querendo tomar... E ao regressar percebo que a sensação de "déjà vu" me acompanha ou persegue... mas no pior sentido do termo. Como se a nossa vida fosse realmente cíclica e eu estivesse a viver de novo situações anteriormente conhecidas pouco confortáveis e marcadas pela incerteza. Bem sei que devemos aceitar o que não depende de nós mas... a bem dizer da verdade... esta vida não é fácil e há que encontrar alternativas, reinventá-las, recriá-las... E isso também não é fácil... pelo menos por aqui...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Percepções

Praia Piscina
Aqueles são lugares de encontro, de reunião e de partilha. Tudo faz sentido quando se está por lá, ou parece fazer, apesar de sabermos que até os melhores momentos se esvaem por serem fugazes, fluídos, voláteis... Mas, enquanto se vivem é como se fossem eternos porque a intensidade que lhes atribuímos é muito compensadora.

domingo, 2 de setembro de 2012

Prolongamentos da existência

Praia das Conchas, São Tomé
Pensando bem, a tendência foi sempre de adocicar os momentos vividos, mesmo os menos doces. Até os que não foram vividos ficando suspensos em possibilidades inviáveis foram aligeirados pelos recantos da memória para que não fossem ensombrados por vontades incumpridas. As vivências passaram assim a ser prolongadas por lembranças e olhares revisitados vezes sem conta, como se a cada regresso tudo se pudesse viver de novo. Não que quisesse recuperar na íntegra o passado - alguns momentos poderiam mesmo ter sido evitados - mas a minha memória tem essa insondável capacidade de seleccionar apenas o melhor. Hoje, mais do que nunca, os sorrisos aparecem ao recuperar momentos perdidos no tempo e nas vidas que entretanto se fizeram presentes. Tudo muda porque a vida é transitória mas nós temos a capacidade de prolongar o que de melhor tivemos e assim vamos recuperando um pouco de outros eus que fazem parte do que somos hoje...

sábado, 1 de setembro de 2012

Gosto de ilhas

O que sempre me encantou nas ilhas, e em particular naquelas, foi a sensação de que ali a evasão não só é possível como se transforma em realidade. É possível ser diferente, criar situações, encarnar personagens, viver sonhos. Basta querer. As ilhas influenciam de tal forma a nossa interioridade que é fácil acreditar que a transitoriedade é a constância, que o efémero é perene, que a ilusão é a verdade. Se conseguirmos aceitar esta mistura que muitas vezes se molda numa indefinição difusa, então as ilhas são o melhor lugar para se visitar e até viver. Eu gosto de ilhas. Transmitem-me tudo isto e, ainda mais importante, paz!

No regresso

Sempre que regressava do que gostava de chamar o "paraíso na terra" ou o "local onde todos os sonhos são possíveis" sentia uma angústia, um vazio, uma ausência vá-se lá saber de quê, mas que parecia marcar os minutos, os dias, as semanas... No regresso tudo parecia inexoravelmente desconfortável, desconcertante, desinteressante...

Conversas antigas mas oportunas no presente...

Um dia, lá pelas ilhas, alguém que fazia parte das minhas relações de proximidade disse-me:
- Pense que aqui todos estamos de passagem. Num dia conhecemos uma pessoa e a sensação que temos é que sempre fez parte da nossa vida e por pouco que a conheçamos passamos a olhá-la como um dos nossos. Aqui rapidamente se ganha confiança e proximidade, as paixões são fáceis porque tudo parece fazer sentido. Tem cuidado com quem conheces, a quem te entregas... 
- Mas porquê? Não entendo, tudo parece simples, verdadeiro...
- Nem tudo o que parece é, a ilusão marca os nossos dias porque é apenas isso que queremos: a evasão; o deslumbramento; os encantamentos; as promessas. Tem cuidado com o que aqui desejas porque de tanto desejares acabas por realizar. Tudo, até o mais improvável, o que sempre julgaste impossível, por cá, pode acontecer. E depois de acontecer deixas de desejar. O desejo é perigoso e deves sempre tentar antever se te vais dar bem ou mal com essa realização.
- Mas isso é um risco não calculado...
- Então estuda bem as pessoas antes de as desejares, avalia-as, percebe-as...

E... a partir desta conversa, que foi bem mais prolongada e personalizada, passei a andar com um bloco e uma caneta...

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Magias...

Podia regressar vezes sem conta que a magia permanecia em todos os locais, nas tonalidade, nas formas, nos cheiros, nos paladares, nas pessoas, nos sorrisos, nas conversas... Tudo tem um não sei o quê de encantatório, como se nos tocassem com pós ou nos levassem a beber poções de valorização do que se vê, do que se come, de quem se conhece e do que se faz. Com a distância, para quem fica e para quem parte, o que foi a realidade minimamente vivida passa a ser lembrado como a feliz eternidade...

Ali sinto que vivo...

Av.12 de Julho, São Tomé
Aquele é um sítio repleto de locais mágicos que me trazem conforto, uma sensação de regresso às origens. Não! Nem tudo é perfeito por lá. Mas as emoções que tudo me transmite continuam a ser de reencontro, de apaziguamento, de vida. A maioria das pessoas não entende quando o digo mas ali sinto, mais do que em qualquer outro lugar, a vida a correr em mim, a fluir ora de forma acelerada com o empolgamento da juventude, ora com calma e ternura de uma maturidade recente. Ali sinto que vivo...

Percepção de "déjà vu"


Praia Piscina, São Tomé, Agosto 2012
Num ou noutro dia, a sensação foi de "déjà vu", como se algumas situações que se estavam a viver já tivessem ocorrido. Não com estas pessoas, com outras, mas por momentos, e como se apenas a percepção de um flash me permitisse tomar consciência do que se estava a passar, visualizei fotografias antigas que foram sendo registadas na minha memória. Dez, doze anos, uma eternidade que se perpetuou e que, com o passar do tempo, me permitiu reter mais os bons momentos do que os de incerteza e angústia. Ainda não consigo definir com exatidão se é o contexto que determina as minhas percepções ou se, na verdade, o que tantas vezes presencio é pura e simples realidade. Algumas histórias parecem repetir-se apesar dos contornos serem diferentes, talvez mais difusos e menos evidentes. Ou talvez seja eu que os defino assim. Com o regresso, a sensação de "déjà vu" não se atenuou, antes pelo contrário, talvez tenha sido mesmo reforçada. A distância em relação ao que se observa e vive ajuda a conjugar as peças que pareciam estar fora do puzzle. E vale a pena? Vale sempre a pena!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Inspiração...

A minha última estadia em São Tomé foi profundamente inspiradora, aliás como sempre. As ilhas têm um efeito em mim que resulta numa percepção diferenciada do tempo com valorização dos momentos vividos. Não sei se com os outros se passa o mesmo, ainda não percebi. Mas, na verdade, tenho a sensação de que por lá vivo de uma forma mais intensa e com um sentido mais positivo.  

Habitualmente escrevo muito quando estou em São Tomé e este blog começou, em parte, por ser o resultado desse misto de inspiração com vivências intensas. Desta vez, escrevi menos. Involuntariamente e sem grande consciência... A inspiração acompanhou-me na mesma mas retive-a numa espécie de contenção que nem sempre é positiva. 
Alguém disse-me um dia que quando se escreve menos vive-se mais. Quem me disse isso foi uma pessoa que habitualmente não gosto de recordar mas tenho de reconhecer que até tinha razão quando me dizia isso com ar supostamente sábio (supostamente porque não era uma pessoa muito credível...). 
A semana passou rápido, as actividades multiplicaram-se e os tempos para a escrita escassearam. Quem sabe se com uma espécie de inspiração distanciada não retomo a abertura de alma de anos anteriores pelos canais da blogosfera...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Regressar ao local onde se foi feliz


Diz-se por aí que não devemos regressar aos locais onde fomos felizes. Não percebo porquê e não concordo. Passo a explicar: os locais onde fomos felizes estão, para nós, carregados de valor simbólico já que, por tudo e por nada, o presente é invadido pelas recordações ternas dos que achamos que foram os melhores momentos de uma vida. Não que não possamos viver outros tão bons ou melhores no mesmo local ou noutro, com as mesmas pessoas ou outras. Mas tendemos a associar ao espaço imagens e representações que o enriquecem e reforçam, fazendo com que para nós passem a ser locais especiais. Gosto de regressar aos locais onde fui feliz. Volto a ser feliz, uma e outra vez, tantas quantas as recordações permitirem sem que isso me impeça de sentir felicidade de outras formas. E com o passar do tempo, aquele é um lugar feliz só porque as vivências felizes são tantas que acabam por se entrecruzar da forma mais feliz que é possível. São Tomé é o meu lugar feliz :-)
Praia do Governador, 25 de Agosto de 2012

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Seminário Internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais" - NOTA DE IMPRENSA

NOTA DE IMPRENSA

 

Entre 20 e 23 de Agosto de 2012 realiza-se em São Tomé e Príncipe o Seminário Internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais". A organização do evento é o resultado de uma parceria internacional entre entidades públicas de São Tomé e Príncipe (Direcção-Geral do Ambiente e Direcção de Florestas), Universidades e Centros de Investigação Científica de Portugal (Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) e espanholas (Centro de Extensión Universitária e Divulgación Ambiental de Galícia e Universidade de Santiago de Compostela), Organizações da Sociedade Civil (MARAPA, Associação Portuguesa de Educação Ambiental, Associação Internacional de Investigadores em Educação Ambiental).

Está prevista a realização de visitas, no âmbito das quais serão desenvolvidas atividades práticas e dois dias (22 e 23) de debates em sala, que decorrerão no Palácio dos Congressos, na cidade de São Tomé.

Para além da reflexão e do debate, marcadamente contextual e de orientação mais teórica, com a realização deste evento procura apresentar-se um contributo pragmático, estando prevista a realização de ações de formação e de intervenção in loco com grupos comunitários, de jovens, escolas, representantes da sociedade civil e de entidades públicas.
Tanto a reflexão como as ações a promover são orientadas a partir de grandes eixos temáticos: o mar; as florestas; a biodiversidade; o turismo; as atividades agrícolas; a pesca; a gestão de rssíduos; e a Educação Ambiental, tendo como grande eixo orientador a cooperação internacional. Por outro lado, os atores que intervêm na identificação local, nacional e internacional dos problemas e das medidas estratégicas a implementar são entendidos como centrais para a troca de experiências e de conhecimentos.

Os resultados que se espera alcançar são: 

1.       contribuir para uma reflexão alargada e debate crítico e construtivo entre atores locais e internacionais; 

  1. dar continuidade a ações anteriormente iniciadas;
  2. reforçar conhecimentos mediante a capacitação de grupos previamente identificados a nível local e que são considerados como grupos-chave para a promoção de mudanças; 
  3. estabelecer parcerias para o desenvolvimento de projetos com equipas interdisciplinares e internacionais

Tal como tem vindo a suceder em eventos anteriores, tratando-se de uma organização em parceria de âmbito internacional com envolvimento de diferentes tipos de entidades, procura-se uma aprendizagem de todos, com o envolvimento de todos porque, acima de qualquer outra preocupação, o que move este tipo de eventos é a construção de mudanças com continuidade, ao longo do tempo, seguindo os princípios da sustentabilidade.

Mais informações em: http://climatechangestp2012.weebly.com ou pelo email climatechange@gmail.com

 

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domingo, 6 de maio de 2012

Lua cheia de vida e energia



Hoje é uma noite especial: é noite de lua cheia. Redonda, luminosa, grande, intensa, inspiradora. Há muitos anos que não a via desta forma, tão cheia de vida, tão mensageira de boas novas, tão auspiciosa. Faz tempo em que, por terras tropicais, quentes e húmidas, uma lua assim cheia de luz me inspirou e encheu de felicidade. Hoje, ao olhar pela minha janela o que vejo é uma noite tranquila depois de dias de tempestade, um céu cheio de vida e energia quando as pensei adormecidas. Hoje a vida pode começar aqui...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mais do mesmo na RGB

Ora bem, mais do mesmo... ontem à noite, ao ler a notícia de que Carlos Gomes Jr tinha sido libertado para a reunião com a CEDEAO, pensei que poderia não ser definitivo. Para quê o Golpe Militar se passados quatro dias eram libertados e tudo voltaria à normalidade? Achei estranho mas, como antes do cepticismo tento acreditar na Humanidade, assumi que poderia ter havido negociação. Pois não, o PM deposto foi mesmo detido após a reunião com a CEDEAO e os militares, ao estilo simpático, afável e democrático que os caracteriza já ameaçaram... just the same...

"ULTIMA HORA: Comando Militar proibe todas as manifestacoes e avisa que havera consequencias para quem desrespeitar a ordem. AAS"
e
"ULTIMA HORA: Comando Militar emite novo comunicado instando os guineenses para se absterem de manifestar, quer a favor quer contra. Avisam que qualquer violacao tera consequencias. AAS

mais em http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Grito de indignação...

O jornalista guineense, António Aly Silva, foi entretanto libertado depois de agredido publicamente. Uma manifestação pacífica foi dispersada de forma violenta provocando dois feridos, um em estado grave. As fronteiras - marítimas, aéreas e terrestres - foram fechadas. O recolher obrigatório mantém-se. O Primeiro-Ministro democraticamente eleito e o Presidente da República interino continuam detidos, sabe-se lá em que condições. Os militares continuam a dizer que não querem ascender ao poder e que procuram uma solução "pacífica" mas a violência associada ao reinado do medo parece fazer dos dias dos guineenses o hábito. A comunidade internacional (leia-se as organizações internacionais com capacidade de intervenção) parece manter-se cega, surda e muda como os três macaquinhos do conto infantil. Apetece-me gritar perante tamanho tolerância e passividade. Só valem a condenação e as ameaças porque as acções ficam para próximas núpcias. Não gosto de política e, para dizer a verdade, não percebo, nem quero perceber, o que move as pessoas para enveredarem por este estranho meio. Mas custa-me assistir a injustiças e actos absolutamente cruéis sem poder fazer nada. Mantenho-me impotente à distância, querendo confortar todos os amigos guineenses, os que por lá vivem e os que em boa hora vieram para Portugal. Assusta-me ver o trabalho desenvolvido ao longo de anos perder-se como se de magia se tratasse. E sentir que, em momentos diferentes, acreditei nos projectos que acompanhei, nas pessoas que deles fizeram parte e que com esforço lhes deram andamento. E estas pessoas merecem tudo e muito mais. Porque acreditaram e defenderam a sua terra, os seus recursos, os seus compatriotas. Dá-me vontade de gritar ao Mundo apelando-o a gritar comigo: SALVE-SE A GUINÉ-BISSAU! Um grito de misericórdia e compaixão, de solidariedade e entre-ajuda, de benevolência e consensualidade. Um grito de indignação por não entender o PARA QUÊ TUDO ISTO? Estou indignada. Sentida. Dorida. E como eu muitos mais...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

António Aly da SIlva, jornalista detido no meio da crise da Guiné-Bissau

Partilhem, por favor. Esperemos que não seja um dos últimos gritos desalentados mas sempre corajosos do António Aly da Silva. Ele merece ser posto em liberdade porque mais não fez do que alertar o Mundo inteiro, ou quem o tem seguido, dos riscos que a Guiné-Bissau sofre. Partilhem, divulguem. Pelo Facebook, pelos blogs, por onde puderem e conseguirem!
O jornalista António Aly Silva foi preso esta manhã em Bissau, pouco depois de ter deixado no seu blogue DITADURA DO CONSENSO [http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/] este

"Apelo dramático à comunidade internacional"
[é devido também um apelo dramático para que nada aconteça ao Aly e para que ele possa imediatamente ser restituído à liberdade. É PRECISO PARTILHAR ISTO!]

"Mais de um milhão de guineenses estão reféns de militares... guineenses. Temos sido sacudidos e violentados, usurpam e tolhem-nos os nossos direitos, até o mais básico. Até quando mais a comunidade internacional vai tolerar que gente medíocre - alguma classe política, e militar faça refém todo um povo? A história endossará uma boa parte da responsabilidade à comunidade internacional.

Ajudem o povo da Guiné-Bissau; não os abandonem, agora, mais do que nunca. Tiveram todos os sinais de que uma insurreição era possível, ainda que desnecessária. Nada justifica o levantar das armas, é intolerável o disparo de armas pesadas numa cidade com mais de quatrocentas mil pessoas. É criminoso, acima de tudo. Tiveram tudo para estancar a hemorragia e a orgia de violência. Sabem há muito que este é um país que nasceu, cresceu e vive sob laivos de militarismo.

Agora, tudo está calmo. Não há tiros, nem feridos nas urgências e menos ainda corpos na morgue resultado de mais uma brutalidade da canalha. Não se sabe quem morreu - espero e desejo que ninguém tenha sido morto. Um país é o último, e único, refúgio seguro para o seu povo. Foi traumatizante ver mulheres e crianças a chorar; é triste ver homens e jovens a fugir de homens e jovens como eles. É desolador. Estou abatido, e, sobretudo cansado. Não tenho sequer forças para gritar.

Olho e registo tudo. Depois escrevo, na certeza de que alguém me vai ler e comungar dos mesmos sentimentos. O meu blogue, hoje, foi já acessado por mais de 50 mil pessoas. Ficará para a estatística. Teria preferido uma visita por dia, a ter de suportar cem mil pares de olhos tristes e enevoados: estão a matar-nos, estão a destruir as famílias, a tornar as crianças violentas.

O pior da Guiné-Bissau, meus caros...é o guineense!

Um abraço a todos,

António Aly Silva"


terça-feira, 3 de abril de 2012

Exposição digital "O Desafio do Desenvolvimento" (Projecto Coerência.pt)

Exposição digital "O Desafio do Desenvolvimento" (Projecto Coerência.pt). Fotos lindas, magníficas com legendas orientadas para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). 
Muito me honra que a equipa do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) tenha incluído uma das minhas fotos, neste caso no sul da Guiné-Bissau, região de Tombali :-)



Seminário Internacional "Alterações climáticas e repercussões sócio-ambientais"

Actualizações no site do Seminário Internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais", São Tomé, Agosto 2012. Muita informação disponível para consulta: as actividades propostas estão delineadas; os formulários para inscrição com comunicação, para participação nas actividades e pedido de cartas-convite e declarações de aceitação estão disponíveis. Também a secção Recursos está introduzida, sendo ainda sujeita a mais complementos e actualizações.
E agora também o guia do participante do Seminário Internacional STP 2012

domingo, 25 de março de 2012

Second Call for papers - Seminário internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais" - São Tomé e Príncipe, 20-23 Agosto 2012

Second CALL FOR PAPERS (sorry for cross posting)

 

Seminário internacional "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais" - São Tomé e Príncipe, 20-23 Agosto 2012

 

De 20 a 23 de Agosto de 2012, realizar-se-á em São Tomé e Príncipe o Seminário Internacional sob o tema "Alterações Climáticas e suas repercussões sócio-ambientais". Esta é uma iniciativa que resulta de anteriores momentos de reflexão, sendo uma parceria entre a Direcção-Geral do Ambiente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, o OBSERVARE, Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), a Universidade de Santiago de Compostela (USC), o Centro de Extensión Universitaria e Divulgación Ambiental de Galicia (CEIDA), a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), a Associação Internacional de Investigadores em Educação Ambiental (NEREA) e a MARAPA (Mar, Ambiente e Pesca Artesanal).

 

As inscrições para participação com comunicação, em poster ou em oficinas estão abertas na página web do Seminário em http://climatechangestp2012.weebly.com pelo que a Organização convida todos os interessados a preencherem o formulário online ou a enviarem um mail para climatechangestp2012@gmail.com

 

Pela Comissão Organizadora,

Brígida Rocha Brito

quinta-feira, 15 de março de 2012

Faz hoje 7 anos...

Hoje é, supostamente, um dia importante na minha vida. Faz hoje precisamente 7 anos que prestei provas públicas de Doutoramento, quando as inscrições se faziam por 5 anos. Portei-me bem e cumpri o prazo, entreguei a tese um mês antes do prazo e esperei 9 longos meses pela defesa. Os membros do júri estavam deslocalizados entre o Alentejo (Universidade de Évora), Minho (Universidade de Braga) e Lisboa (Universidade Autónoma de Lisboa, Universidade Lusófona e ISCTE), sendo que alguns viajavam e nem sempre estavam em Portugal.
Foi, eventualmente, uma das melhores épocas da minha vida. Escolhi um tema prazenteiro - a relação entre o turismo ecológico e o desenvolvimento sustentável em África - e que, de facto, me deu muito mais prazer do que as angústias inerentes a este tipo de processos. O mais difícil acabou por ser o campo de estudo. Por razões que agora nem importa referir, todo o projecto foi elaborado a pensar em Moçambique, país que me inspirou para a problemática do turismo. Mas depois, por enredos intrincados, mantive o tema e emigrei para São Tomé, deixando Moçambique para outras núpcias.
Fiz um interregno na actividade pedagógica, que já fazia as minhas preferências, e voei para o arquipélago dos meus sonhos, onde o turismo era uma actividade que tinha tanto de irregular como de potencial. E por lá fiquei uma longa temporada que permitiu fazer de tudo um pouco. Fiz a pesquisa assente em estudos de caso combinados, privilegiando o turismo em espaço rural, as roças, recorri a actividades ecoturísticas informais e fiz muitas caminhadas, segui de perto (muito de perto) o Ilhéu das Rolas, ainda não Pestana mas Rotas d'África/Rotas do Café, e as acções de conservação de tartarugas marinhas. Conheci pessoas fantásticas com as quais ainda hoje mantenho contacto (e outras menos de quem nem me quero lembrar, o que não é nada de extraordinário e faz parte da vida), passei momentos muito agradáveis, andei por todo a ilha - a pé, de carro, de canoa e de lancha. Não apanhei paludismo (aliás, estranhamente nunca apanhei em nenhuma das Áfricas por onde tenho andado). Ri muito, chorei um pouco, angustiei-me qb, sonhei e criei expectativas, senti que a vida passava por mim sem eu a conseguir agarrar mas também a abracei vezes sem conta. Numa palavra, vivi. E não há nada mais importante do que isso.
Regressei a Lisboa quando dei a pesquisa por concluída. Mas fui sempre, até hoje, voltando às ilhas dos meus sonhos e que têm um lugar guardado no meu coração. Sem ter passado por tudo o que por lá vivi, não seria a pessoa que sou hoje. Ao voltar terminei a tese, preparei a defesa e três dias antes das provas públicas vivi o impensável. O aparelho de ar condicionado da sala incendiou-se enquanto falava para ninguém contando os minutos de forma a não ultrapassar o tempo regulamentar previsto para estas apresentações. O início de noite do dia 12 de Março foi passado primeiro a apagar o fogo e depois a respirar com uma máscara de oxigénio na boca numa ambulância dos bombeiros. No dia 15 de Março de 2005 lá fui até ao Auditório Afonso de Barros no ISCTE, a conversar com  meu Eu interior, acreditando que tudo estava a terminar. Uma fase que passava e o Mundo que se abria à minha frente.
A defesa correu bem (diria muito bem, mesmo). Depois da minha apresentação, como sempre com powerpoint que incluía esquemas, mapas e muitas fotografias, cumpriram-se os tempos de cada um (ainda eram tempos diferenciados para cada arguente), eu tentei defender-me o melhor que podia e sabia. Parece que bem. No final, nem realizei bem o que o Presidente do Júri queria dizer com "nota máxima por unanimidade" e menos ainda, o que o arguente principal (Professor Francisco Ramos) me dizia: "nos doutoramentos é comum os candidatos pensarem que com as provas públicas chegaram ao fim de um percurso. Mas o caminho começa aqui e agora, com mais responsabilidade e mais trabalho". Só percebi depois, quando fui buscar o certificado que a nota foi de facto máxima, não podia ser melhor, "distinção e louvor por unanimidade". E tenho vindo também a perceber o que é que o Professor Francisco Ramos queria dizer com "o caminho começa aqui e agora, com mais responsabilidade".
Faz hoje 7 anos, portanto, que a minha vida (re)começou, com menos tranquilidade e mais angústias, repleta de dúvidas existenciais que nem vale a pena materializar através da escrita. Faz hoje 7 anos que a vida nas ilhas dos meus sonhos foi ficando progressivamente mais longe de mim. Mas jamais longe do meu coração.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Livro - SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - UM PARAÍSO SEM RUMO" por José Simões



A apresentação do Livro "São Tomé e Príncipe - Um Paraíso sem rumo" de José Simões terá lugar na Casa da Beira Alta, no Porto, no próximo dia 18 de Fevereiro, pelas 16h. Um evento a não perder para quem estiver no Porto ou por lá perto. 

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...